hiato contínuo
palavras me tocam na mesma medida em que me apavoram.
silêncios me acalentam na mesma medida em que me angustiam.
tudo são armas.
tudo é a pele, quente, acolhedora.
sou eu, isolada em mim,
invadindo a película maleável que envolve um outro.
é o outro, resguardado de armaduras,
acessando a intimidade das minhas fronteiras secretas.
dançamos.
passamos, sem enxergar, por nossos frágeis pontos g.
acessos visíveis na ausência de medo,
na fluência da entrega.
o medo mata.
faz violências e recusas, onde o ser pede o abraço.
o medo cala, e consente em se afastar
quando o peito grita por encontro.
bem costuradas, as letras que metralho
transformam-se também em escudo.
em esconderijo.
em torre.
nós, prisioneiros, disparamos mudez.
ouve-se, apenas, o abismo.
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