o dia dos mortos

eu não morri.
eu viajei descalça pelos abismos e pelas ruelas do meu ser, cavei buracos com as unhas e passei noites na sarjeta.
a sarjeta era o lugar mais quente. era o lugar de onde eu olhava o mundo. seu conforto conhecido me dava confiança e me convidava a ficar.
não importava o convite da nuvem dançadeira. era a sarjeta que me acolhia.
me incomodavam as folhas vívidas nos meus ombros. desrespeitosas e arrogantes. elas nem sabiam voar, mas vinham no vento e caíam sobre mim, sem permissão.
a sarjeta ia ficando decorada daqueles pedaços de colorido inconveniente. a sarjeta já nem parecia mais o lugar familiar que conheci.


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